“Quis Colocar o Mapa do Amazonas na Nossa Literatura”, Diz Autor.

Milton Hatoum e a Literatura Amazonense: Colocando o Mapa do Amazonas na Literatura Brasileira

Recém-eleito para a Academia Brasileira de Letras (ABL), o escritor Milton Hatoum tornou pública sua missão de representar a Amazônia na literatura nacional por meio da emblemática frase “Quis colocar o mapa do Amazonas na nossa literatura”. Essa declaração reflete um compromisso profundo em dar visibilidade e voz a uma região rica em cultura e complexidade, que muitas vezes é reduzida a estereótipos simplistas.

A Visão Multifacetada da Amazônia Segundo Milton Hatoum

Para Hatoum, a Amazônia não pode ser compreendida apenas pela visão tradicional da floresta ou pela imagem dos povos indígenas isolados. Embora esses elementos componham um sistema importante de cosmogonia e símbolos locais, ele destaca a Amazônia urbana, uma faceta pouco abordada pela literatura e pela mídia.

Mais de 70% da população da Amazônia, correspondendo a mais de 30 milhões de pessoas, vive em cidades e metrópoles amazônicas como Manaus e Belém. Essas áreas enfrentam desafios sociais significativos, como alta violência e problemas graves de saneamento básico, muitas vezes superiores aos vividos em outras grandes capitais brasileiras.

A Literatura Amazonense: Uma Tradição Rica e Diversificada

A produção literária da região Norte tem raízes históricas importantes, remontando ao Clube da Madrugada, um movimento cultural das décadas de 1950 e 1960 que revelou grandes nomes, muitos dos quais permanecem influentes na contemporaneidade. Entre os principais autores amazonenses está Milton Hatoum, autor de obras icônicas como Dois Irmãos, reconhecido nacionalmente pelo vigor narrativo e pelas representações profundas do cotidiano amazônico.

  • Luiz Bacellar
  • Elson Farias
  • Thiago de Mello
  • Astrid Cabral
  • Arthur Engrácio
  • Carlos Gomes

Esses escritores, entre outros, consolidaram a literatura da região, mesclando memórias pessoais, elementos urbanos e rurais, e um olhar sensível sobre as complexidades amazônicas.

Superando a Invisibilidade e Renovando a Literatura Regional

A literatura amazônica frequentemente é vista de forma marginal ou exótica no panorama nacional, o que gera uma sensação de invisibilidade entre poetas, contistas e romancistas locais, apesar da notável qualidade de suas obras. Um exemplo marcante é Dalcídio Jurandir, considerado um dos maiores romancistas da Amazônia e premiado nacionalmente, porém ainda pouco conhecido pelo grande público.

Além disso, a região tem visto o surgimento de uma nova geração de escritores, muitos dos quais oriundos dos programas de pós-graduação em Letras da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) e da Universidade do Estado do Amazonas (UEA). Essa renovação acadêmica e literária promete ampliar ainda mais o alcance e a diversidade da literatura amazônica.

Representar a Amazônia é um Desafio Complexo

Descrever a Amazônia em sua totalidade é tarefa árdua. Como já reconheceu Euclides da Cunha, compreender esta região exige uma visão que combine análise precisa com sensibilidade cuidadosa: um “infinito que deve ser dosado”. Nesse contexto, a declaração de Milton Hatoum representa o esforço literário de traduzir para as páginas o território, a cultura e os dilemas amazônicos, deslocando estereótipos e ampliando as perspectivas sobre essa parte do Brasil.

Ao colocar “o mapa do Amazonas na literatura”, Hatoum não apenas projeta sua própria obra, mas também dá lugar para que toda a literatura regional revele sua vitalidade, riqueza e desafios.

Para quem deseja viver e valorizar a cultura local do Amazonas, seja por meio da literatura, da culinária, do artesanato ou das festividades regionais, a Bemol oferece tudo para apoiar esses momentos com produtos e serviços que fortalecem o dia a dia e a identidade cultural amazônica.

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